Post meio gigantesco à vista... relacionado mais ao asteriskbrasil.org.
Quarta-feira passada, lá pelas 22:30, terminou o Estacão VoIP 2006 pra mim. O pessoal que não tinha vôo marcado ou era da região foi pro Madalosso jantar, em Curitiba mesmo, e também pra conversar até [des]cansar. O evento foi massa e eu ainda tô voltando ao ritmo normal. As 3 últimas semanas foram bem foda: somente em um dia eu dormi antes da meia-noite, e o horário médio das paradas foi 2, 3 da manhã. Tô cansado... até... pra digi...tar...
Comentários sortidos e desorganizados sobre tudo o que aconteceu nos dias 5 e 6 seguem abaixo (em especial sobre pessoas que conheci e situações que aconteceram, não exatamente sobre cada palestra e a qualidade disso ou aquilo).
Conheci o Mark Spencer, gente boa... e dono do brinquedo. Me fizeram a caveira do cara, mas ele no fundo é só um nerd com uma empresa lucrativa e idéias boas nas mãos. Tendo visto e conhecido alguns nerds medonhos na minha curta vida, eu diria que ele é até quase normal, a não ser pela camiseta dentro da calça com cinto e andar sempre com as duas mãos dentro do bolso, com os ombros inclinados pra frente e o cabelo escorrido :-P
Conversei com ele antes das palestras começarem, no modestíssimo stand da Digium, enquanto ele esperava a organização ajeitar o link com a Internet. Perguntei pra ele por que o Asterisk ainda não tem um esquema Realtime "real" mesmo, e falei que o Realtime Static é um xunxo, IMHO. Segundo ele, usar banco de dados onde não precisa (leia-se "configurações que não se alteram muito") é meio nonsense, mas ele se esqueceu que manter parte das configurações de um PBX IP em flat files e a outra parte dentro de um DB é mais nonsense ainda.
Ele então resolveu me mostrar o código da nova GUI que a Digium está desenvolvendo (e "jurou" que não era um produto, somente prova de conceito pra usos restritos): a parte gráfica da aplicação todo mundo já viu e é tosca e não muito intuitiva, mas a camada de baixo da interface parece muito boa. Você de fato grava tanto em flat files quanto em banco, e "não há perda de configuração nem nada" (palavras dele). Em 5 segundos você cria uma nova opção na interface, funcional, e com as duas forma de gravação. Achei meio palha não ter um design geral mais bem pensado, e insisti nos relacionamentos de registros do DB etc e tal... e como recompensa ganhei um "caio prefers databases..." como descrição do meu ramal SIP recém-criado.
Fui pilantra e botei ele na parede quando perguntei diretamente sobre novos parceiros Digium no Brasil e quando disse que a Commlogik, digamos assim, não trata seus clientes como eles gostariam de ser tratados. Ele pipocou, enrolou e acabei mudando de assunto, depois de me contentar com "uma parceiro não tem motivo pra ser jogado de lado se ele estiver fazendo um bom trabalho para nós, mas a nossa relação não é exclusiva".
Perguntei sobre o novo release do Asterisk, que tá demorando demais por causa de bugs. Ele falou que realmente os betas estão levando muito tempo e tomando boas horas de trabalho e que ainda não existe uma roadmap pro Asterisk 1.6 nem nada parecido.
Uma das coisas engraçadas foi o Mark ter botado nos slides da palestra dele 2 fotos pra explicar a revolução na telefonia convencional. Uma era do McDonald's em um aeroporto: muito caro, uma porcaria e você não tem opção alguma além disso. Depois ele botou uma lista de vantagens do Asterisk com o título "a churrascaria da telecom", e uma foto daquelas bancadas enormes cheias de comida de churrascarias brasileiras, mais uns pedaços de carne no espeto :-)
Bom, aí rolou um pulo no tempo e quando eu percebi eu já estava falando com o kernel hacker Nenad Corbic da Sangoma, após a palestra dele. Fiz questão de esperar ele ficar livre pra perguntar mais detalhes sobre o chan_woomera, um canal genérico de comunicação com o Asterisk, que eles fizeram e liberaram o código.
O negócio é mais ou menos assim, pelo que ele me falou (e isso me lembra que eu ainda nem tive tempo de pesquisar isso direito): você monta um cluster de placas telefônicas, empilha elas todas. Digium, Sangoma ou as brasileiras Khomp ou DigiVoice... anyway, monta uma máquina com elas, tudo centralizado. Aí você diz pro seu Asterisk lá nos quintos dos infernos que todo o link que tiver que sair pela E1 vai na verdade até essa sua máquina parruda em Curitiba através de uma VPN. Tudo de forma transparente, extremamente escalável e fácil de dar manutenção. O melhor? Já está em produção, é agnóstico quanto a marca das placas, e pelos números que ele falou, quase não existe perda perceptível no link. Na verdade você acaba ficando limitado pelos codecs e sua banda, como de costume. Achei genial! E olha que o negócio já tem tempo de estrada...
No fim do segundo dia ele veio até o nosso stand e ficamos conversando com um colega da GVT, sobre problemas de FAX com VoIP, que o Steve Underwood já recebeu muita grana da Sangoma e que os rx e tx_fax dele eram pra ser só um teste de código, e não pras pessoas usarem em produção (putz). Falamos do FreeSwitch e da alta qualidade do software (graças ao Minessale), e ele mencionou como a Sangoma banca financeiramente algumas partes do projeto também. E ah, quase que eu ia esquecendo... o tal chan_woomera conversa com a biblioteca Opal, então isso significa vídeo e T.38 de verdade, finalmente para tentarmos usar!
O Nenad é um sérvio muito gente fina, extramamente acessível e eu definitivamente fiquei fã desse também. Ele mencionou que também estão procurando no Brasil alguém pra desenvolver uma stack R2 para o Asterisk e/ou para as placas deles, porque eles querem resolver logo essa merda de problema pra injetar coisas nova no mercado, não ficar mantendo coisa herdada e velha. Mais um "ah"... ganhei um apontador laser deles, em aço escovado \,,/
Outro cara muito bom é o Nicolás Gudiño, da Argentina, autor do FOP, no caso de você estar lendo isso pelo AsteriskBrasil.org e ainda não saber o nome do autor do programa. Uma pessoa extremamente paciente (provavelmente por ter estudado música num conservatório e não ciência da computação, talvez?) e que parece ter um conhecimento sobre monitorar o Asterisk como ninguém, atualmente. Ele ficou no nosso stand por mais de 1 hora, mostrando os slides da palestra dele e tendo idéias pra uma futura versão do FOP. Foi bem massa, mas estranho... é capaz do cara morar mais perto de mim do que meus pais, e fala uma língua com a mesma raiz que a minha, mas tínhamos que conversar em inglês pra podermos nos entender...
Depois da palestra dele ficamos jogando conversa fora, ele falou sobre VoIP na Argentina e como a Telefonica monopoliza e fecha o mercado, e também pra meu espanto falou que metade do faturamento do provedor de Internet dele é por causa do FOP e personalizações que ele faz. Parece até que a Locaweb Telecom se interessou em botar o painel nos PBXs virtuais deles!
Bom, nos divertimos bastante (happy hour no Don Max com a barriga doendo de tanto rir), aprendi muito sobre coisas novas (chan_woomera com PRI em breve, uhul) e tudo saiu certo, como planejado. Conheci vários caras massa do AsteriskBrasil.org e até prefiro não citar todos porque corro o risco de esquecer o nome de alguém hehe, mas faço questão de dizer que finalmente conheci o impagável Cyt, brasileiro aventureiro trabalhando com Asterisk na Grécia e Espanha.
Enfim, agora é esperar pelo Estação VoIP 2007. E que pôr-do-sol rolou no fim do evento...
PS: fotos e um vídeo do estação voip aqui, sem organização ou miniaturas...